Um bolo feito de farinha e sal, mel e vinagre, caramelo e pimenta.
A mistura incongruente da minha rotina
Faz-me sorrir triste e suspirar com resignação esperançosa.
Tempo acrescenta camadas, me endurecendo contra minha vontade.
Inevitável.
Como os anéis vistos no corte de um tronco de árvore,
Revelando a sua idade.
Em princípio, eu posso correr para a floresta,
Dançar enlouquecidamente em torno de uma fogueira,
Cantando a plenos pulmões para que o frustração desapareça.
(Ah, daria tudo por uma voz forte e vibrante da Mariza).
Eu posso viver a vida de um sonho,
Cercada apenas por ar e luz, música e arte,
Amor e liberdade.
A tela do computador sorri para mim,
Incrédula com estas palavras digitadas em sua superfície.
O mundo é feito de paredes, agendas, listas,
Notas fiscais, recibos, contratos, memorandos,
Todos mesclados no tecido de
Ordem Nítido das 24 Horas dos Sete Dias de semana.
Eu tenho duas escolhas: me rebelar e mandar tudo para o inferno,
Pagando as consequências da tentativa vã
De me libertar.
Ou cantar. Tão bem como consigo. Sem querer ser uma musa, uma Mariza,
uma Celine Dion.
E brincar nas ondas, deixando as águas quentes
Envolver meu corpo nu, me renovando outra vez.
E saltar em uma pilha de folhas caídas.
Fazer desenhos na areia do devaneio mais recente.
Tanto faz se eles desaparecerem com a próxima onda.
Eu sempre posso criar de novo.
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